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THE FIRST VALUE IN HUMAN LIFE AND IN THE WORLD


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                               ACÇÕES HUMANAS E ACÇÕES DO HOMEM

É um dos deveres fundamental do ser humano, que é racional procurar prudentemente informar se autenticamente a realidade da sua própria natureza, para melhor compreender os elementos fundamentais que constroem a sua natureza humana. Esta visão mostra-nos que a verdadeira realidade da vida humana não é orienta pelas doutrinas mas sim pela verdade.

A vida humana compreende o conjunto dos elementos que constroem o processo vital que pode ser conduzido para o progresso, ou anacronismo do ser de uma determinada pessoa humana, dependendo inteiramente das próprias capacidades seja física ou mental que podem garantir autenticidade das suas convicções; e os meios que o seu ambiente lhe oferece. Antes de nos lançar mais para o além em relação à diferença existente entre ações humanas e ações do homem vamos analisar a origem da vida da pessoa humana num contexto cingido e profundo isto porque; praticamente sem vida não há nenhuma ação que homem pode realizar e obviamente onde não há a vida humana também não há ação do homem assim como ação humana.

Esta cientificamente reconhecida de que o poder do inconsciente do individuo ou de um determinado ser humano começa a se construir antes do seu nascimento. Em conexão com esta visão da origem da vida humana O Lepp salientou que; do mesmo modo que o corpo da criança vai tomando forma, progressivamente no útero materno, assim a psique ou a alma também tem seu período uterino da sua existência.[1]É neste período que a natureza espiritual da pessoa humana se desenvolve em coordenação com a sua natureza física. Contudo é relevante reconhecer que o ser humano possue três partes fundamentais que são alma que é o centro da vida, o espírito que constitui o centro da inteligência humana e o corpo físico. E é na base da unidade desses elementos que se construí o corpo vital de um determinado ser humano. Em conexão com o ponto de união entre o corpo e alma O Allan Kardec salientou que a união entre o corpo e alma começa na concepção, mas não-se completa, e só vai se completar no momento de nascimento. Desde o momento da concepção o espírito designado para tomar determinado corpo a ele se liga por um laço fluídico que se vai encurtando cada vez mais, até o instante em que a criança vem à luz ... e entra no número dos seres vivos.[2] Por outro lado à visão do Kardec é muito platônica, pessoa humana não se enquadra na lista dos seres vivos somente depois do seu nascimento mais antes do seu nascimento, visto que o nascimento é a realização de uma das fases do desenvolvimento ou progresso da vida humana ou pessoa humana no seu geral. Isto quer dizer mesmo no período da concepção uterina o individuo está na lista dos seres vivos, porque tem vida e é a partir de tal vida que ele vai cumprindo ou seguindo o seu processo de desenvolvimento até a fase do seu nascimento. E nada se completa nesta fase, visto enquanto vivo ele continua incompleto e vai buscando se completar ou ser perfeito por meio de seu processo de desenvolvimento que vai até o dia da sua morte.

Para que o individuo esteja autenticamente dentro ritmo expectivo do progresso do ser humano é necessário que haja o equilíbrio dinâmico no desenvolvimento assim como no funcionamento dos elementos acima mencionados. E é por meio desse equilíbrio que a pessoa estará mais inclinada na realização das ações humanas evitando assim o super inclinação nas ações dos homens. É real reconhecer que não tem como um ser humano privatizar-se das ações do homem para somente se restringir nas ações humanas, visto que as tais ações são de caráter natural e centram na sua própria natureza. As ações humanas, embora também tenham a sua base no poder natural do ser humano; mas nem todo ser humano tem esse poder de julgar e analisar as coisas no contexto autêntico e objetava. Assim, devido esta limitação que os seres humanos sofrem devido à fragilidade da natureza deles, o maior número das pessoas passam todo tempo das suas vidas realizando mais ações do homem e poucas ações humanas.

Na maioria dos casos, a violência é usada como meio para o alcance da justiça dentro de uma determinada sociedade onde prevalece a injustiça; mas não é humano utilizar a violência como meio para o alcance da justiça dentro de uma determina da sociedade. É digno e humano centrar no dialogo como fonte preponderante para o alcance da justiça dentro de uma determinada sociedade onde predomina a injustiça ou opressão de qualquer natureza. Praticamente o uso da violência, como solução de busca de justiça gera o problema acima de um outro problema; e isso resulta numa confusão de natureza caótica, beset ou Deus-nos-acuda. Moçambique por exemplo; é um dos países africanos que sofreu bastante, de guerras contra a dominação colonial assim como a guerra civil que no total cobriu 16 anos de conflitos. O partido da oposição por recorrer à violência como meio para o alcance da justiça criou problemas acima de outros problemas, no caso do atraso do desenvolvimento econômico, intelectual, social, político e moral.

Então ações do homem envolvem todas as ações que nós realizamos sem nos perguntarmos por que é que nós realizamos as tais ações, é o exemplo delas amor, ciúme, inveja, respiração, descriminação, ódio, em geral são ações instintivos e fisiológicos. Enquanto que as ações humanas têm a sua base na consciência, eles surgem como resulto da ação do julgamento racional. É digno o que está sublinhado de que human acts are imputable to man, so they envolve his responsability for very reason that he puts them forth deliberately and with self-determination. Moreover, they are not subject to physical laws which necessitate the agent, but to law which lays on the free- will under obligation which has no any interference with his freedom of choice. Besides, they are moral.[3] (As ações humanas são irrefutaveis para o homem, e têm uma responsabilidade centrada na consciência da pessoa que realiza as tais ações, por esta razão ela realiza deliberadamente e com determinação pessoal. Neste caso, ações humanas não são sujeitas a leis físicas que necessita o sujeito, mas as leis centradas na livre vontade e como dever que não tem qualquer interferência com a liberdade da escolha). Em geral ações humanas são aqueles que nós realizamos livremente e conscientemente na base da prudência e sabedoria. São ações que nós realizamos voluntariamente e convictos em justificar, por que é que nós realizamos as tais ações e quais são as suas conseqüências. Com essa visão as diferenças entre ações humanas e ações do homem tornam muito claras, e transparentes, e isso mostra-nos que a vida humana em si, não tem doutrinas, mas é o homem que cria doutrinas para impor dentro da sua própria vida. Neste caso as doutrinas são o resultado das ações do homem, isto quer dizer elas não fazem parte das ações humanas. Em relação às doutrinas atualmente muitas pessoas são abusadas, exploradas economicamente assim como moralmente e espiritualmente por meio de doutrinas religiosas, mas isso tudo é devido à ignorância, inocência ou pobreza intelectual. E devido a isso nas nossas sociedades predominam mais ações dos homens em vez das ações humanas. As pessoas deixam a serem manipuladas facilmente pelas doutrinas religiosas esmagando assim o espírito da fidelidade pela afirmação autêntica das verdadeiras realidades das suas vidas. Em conexão com essa visão Matthew sublinhou que estamos dentro duma cultura que não nos ensina a lidar com os sentimentos dolorosos e numa Igreja que freqüentemente nos ensina que a verdade está na Bíblia, no papa, nos pastores ou padres, nos sacramentos-em todos os lugares menos dentro de nós mesmos. A religião é freqüentemente ensinada como um sistema de controle, de regra, de rituais, de ideais - de obrigações. É muito fácil se nos orientar com esse tipo de crenças ou doutrinas para esmagar o processo da nossa vida, pensando ao mesmo tempo que estamos sendo bons cristãos, crédulos ou religiosos no seu geral.[4] Em relação a isso, uma mulher disse que odeia bastante ler as cartas de são Paulo apostolo que fala sobre a conduta ou relacionamento entre as mulheres casadas com os seus esposos; visto que está muito acentuado a submissão ou servilismo das mulheres nas suas relações com os seus esposos. E a qualquer momento em que ela é escolhida para fazer leitura das tais cartas dentro da Igreja, ela passa a leitura para outra pessoa. Mas ela não podia estar ameaçada pelas cartas de São Paulo, porque não é a visão de são Paulo, que define o verdadeiro ser de uma determinada mulher, mas sim a natureza da mulher em si, é que define o verdadeiro ser da mulher. Neste caso a mulher deve ser livre em seguir as suas convicções e também deve ser fiel a sua própria natureza, ela deve analisar, julgar e criticar objetivamente as realidades que compõem o ser da mulher, para melhor descobrir os elementos fundamentais e objetivos que constroem o ser autêntico de uma determinada mulher. Em geral a vida humana não é orientada pelas doutrinas é por isso que, quando as doutrinas prevalecem dentro das nossas sociedades ela é ameaçada. Atualmente, se levanta a visão de que o cristianismo devido as suas doutrinas, não há favoritismo no crescimento da população que professa a sua fé, ao contrario o muçulmanismo, as suas doutrinas promove a poligamia à coisa que garante um crescimento rápido da população que professa a fé muçulmana. Contudo este assunto não constitui como elemento fundamental deste trabalho, mas era somente para que as doutrinas estão na linhagem das ações do homem e não ações humanas.

Atualmente, com o desenvolvimento intelectual e da civilização humana, a igualdade dos elementos que compõem a espécie humana torna-se cada vez mais o pano de fundo. É relevante reconhecer que nas áreas políticas e sociais de alguns países que não prevalece o domínio das doutrinas religiosas nas áreas políticas e sociais apresenta-se com uns progressos notáveis no contexto de valorização das mulheres. Por outro lado à situação torna-se preocupante nas religiões, especialmente nas religiões onde o espírito do radicalismo notavelmente no caso de catolicismo e muçulmanismo. As mulheres embora, apresentassem-se com um número notável nas tais religiões, elas não podem exercer qualquer função ou exercício de elite dentro das tais religiões. Concluindo, eu saliento que é importante ativar nas nossas mentes aquilo que foi dito por Buda de que, gods may exist, but they can`t help us or do anything for us so there is no point in worrying about them, praying to them or looking to them for any aid. We humans know that we exist here and now so we need to worry about how to best live or our lives here and now, let the gods if there are any, to take care of themselves.[5] (os deuses podem existir mas eles não podem nos ajudar a fazer qualquer coisa para nós, por isso não há razão de passar todo tempo rezando para a eles,ou procurar, eles para nos dar qualquer ajuda. Nós, seres humanos sabemos que existimos aqui e agora, assim nós precisamos de nos preocupar em como é que podemos melhorar a vida ou a nossa vida aqui e agora, deixa os deuses existirem se existir algum para tomar o cuidado deles mesmos.) Esta visão soa com uma realidade ateu, mas numa visão critica, analítica e objetiva descobri no seu fundo de que não podemos nos limitar em crenças ou doutrinas para resolver as dificuldades de natureza humana, vamos partir na base das nossas convicções enraizada nosso estilo da vida, e daí busquemos os valores que garantem a melhoria das nossas vidas. Assim descobriremos que na verdade, a verdadeira realidade da vida humana não tem doutrinas.

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A SOCIEDADE CONSUMISTA E OS DESAFIOS DE SER PESSOA

 

                                                                       

                                                 
Atanásio Fabrino Atanásio[1]

 

                         Introdução

           Falar da realidade consumista do mundo atual é um dos assuntos desafiantes na medida em que o ser humano é visto no contexto produtivo e não no seu contexto existencial; talvez a definição do ser humano como ser racional seja uma das razões que faz com que o mundo atual olhe a dignidade da pessoa humana não na base da natureza do seu ser, mas sim no contexto da sua capacidade de produção material.

           A nossa finalidade, dentro deste trabalho, é mostrar que o ser da natureza da pessoa humana está no além do poder racional, ele é mais do que qualquer coisa que a imaginação humana possa destacar em relação à realidade do ser da pessoa humana e a sua respectiva existência. Com esta visão queremos priorizar a convicção de que não é digno reduzir o valor ou a dignidade[2] da pessoa humana em favor do espírito consumista. Este trabalho não oferece as soluções autênticas para erradicação deste desafio, mas oferece reflexões que possam quebrar o espírito que prioriza a crença consumista que prevalece dentro das nossas sociedades. Então, é a partir de tais reflexões que nós encontraremos as iniciativas que possam revitalizar as nossas forças no processo de busca de afirmação da dignidade da pessoa humana perante os desafios do consumo.

             Em geral este trabalho tem como objetivo despertar a consciência de cada pessoa humana, para compreender como é que o espírito consumista se manifesta como o risco da vida humana, e como buscar as iniciativas ao nível individual e coletivo para a superação dos tais riscos do poder consumista.

 

                        1. A pessoa humana e o desejo do consumo

            A complexidade da realidade humana traz grandes dificuldades de sua compreensão, na medida em que procuramos definir de uma forma objetiva, as definições na maioria dos casos limitam-se a uma perspectiva da realidade humana. Devido a isso a pessoa humana é definida em diferentes perspectivas, e tais definições sempre se limitam às ações que a pessoa realiza no curso da sua vida, esquecendo-se de reconhecer que a pessoa humana é mais do que as suas ações, identidade, e a sua capacidade racional. O ser humano não nasce com poder racional, mas sim com as possibilidades que na base de certas condições ele é  favorecido para o desenvolvimento da capacidade racional.

           Severino Boécio define a pessoa como “Naturæ rationalis individua substantia.” [3] (a pessoa é uma substância individual de natureza racional). É digno reconhecer que a razão é um dos elementos característico da identidade humana, mas o importante é que nós devemos ter consciência de que não é a capacidade racional que garante a dignidade de qualquer indivíduo, mas sim a natureza humana que a pessoa leva na sua virtude[4]. Bem sabemos que, nem todos os seres humanos têm a capacidade racional ou mesmo de exercer qualquer trabalho, mas com estas limitações, eles não são isentos das suas dignidades, assim como o exercício dos seus respectivos direitos. Contudo, podemos também definir a pessoa humana como ser que busca se tornar a ser mais do que aquilo que ele é; esse caráter é notável em todas as dimensões da realidade da pessoa humana.

          Partindo de uma observação da realidade de uma criança, notamos que existe uma força natural que é inevitável que a orienta para o crescimento, e também existe o desejo baseado nas tendências  humanas de querer se tornar mais do que aquilo que a pessoa é ou ter mais do que aquilo que ela tem. Isto constitui uma das características que faz com que a pessoa humana seja mais seduzida pelo consumo ao nível de priorizar as coisas materiais do que a sua própria dignidade humana.

         É real afirmar que todos nós diretamente ou indiretamente somos iluminados pela luz do consumismo que se manifesta na base do desenvolvimento tecnológico acelerado. Nós necessitamos de consumir algo para o sustento da nossa vida, mas isso não significa que a necessidade do consumo seja primazia diante da afirmação do ser da pessoa humana. Atualmente com o prevalecer do espírito consumista dentro das nossas sociedades, a vida humana é vista como algo que tem por objetivo ou finalidade o alcance da felicidade.[5] Por meio desta visão torna-se fácil compreender que um dos grandes desafios do mundo atual é a ignorância que, na maioria dos casos, se manifesta na falta de distinção entre o relativo e o absoluto, em outras palavras entre o que deve ser priorizado e o que não deve ser priorizado dentro da realidade humana. E essa dificuldade afeta todas as áreas, seja política, econômica, intelectual, religiosa, social e assim para diante. Por exemplo, atualmente existe uma força dentro das sociedades voltada para globalização muito mais ao nível econômico, mas raramente buscamos compreender as desigualdades que ela gera quando se manifesta de forma livre e descontrolada dentro dos mercados que crescem num ritmo acelerado e constituindo assim incubadores naturais de descontentamentos e instabilidades do povo ao nível social.[6]

         É por meio desta desigualdade que as pessoas voluntariamente renunciam às suas dignidades, permitindo-se assim, a serem exploradas nas instituições, maltratadas e usadas como máquinas de trabalho, recebendo em troca o pouco para a garantia da sobrevivência. Aconteceu algo relacionado a isso em Moçambique na cidade turística de Pemba no ano 2004; um turista pagou um valor 3000 meticais, para uma menina fazer sexo com dele Cachorro, o valor recebido foi terminar no hospital devido às dificuldades que a menina enfrentou depois de se relacionar sexualmente com Cachorro do turista. Neste caso, a menina não tinha desejo de fazer sexo com Cachorro do turista, mas queria dinheiro para sustentar a sua vida. Devido à ignorância e falta de ética na parte do turista, a vida do Cachorro foi priorizada e dignidade da menina ficou reduzida para a garantia do bem do Cachorro. Este acontecimento nos dá a visão de que na maioria dos casos são os pobres que compõem a lista das vítimas do desafio consumista e da globalização, para isso é necessário que haja normas legitimadas para a orientação das necessidades do consumo ao nível social e essa iniciativa garantirá o controle do consumo e ao mesmo tempo será o meio de “proporcionar a proteção à vida normal dos cidadãos” [7] de uma determinada sociedade.

         Todavia, o desafio de busca de afirmação do ser da pessoa humana diante do poder consumista deve se basear na compreensão de que a dignidade humana deve ser algo de prioridade diante de todas as coisas. E esta compreensão só pode ser garantida por meio de desenvolvimento de um pensamento crítico e objetiva na avaliação das necessidades do consumo, que depende da mudança da mentalidade tanto no âmbito individual assim como coletivo. Charles Darwin afirmou que “o mais alto estágio da cultura moral é alcançado quando reconhecemos que precisamos controlar os nossos pensamentos e interesses,” [8]para melhor prever as suas respectivas conseqüências, esta deve ser a convicção evidente e necessária para a orientação da nossa busca de afirmação da dignidade humana dentro das sociedades onde o espírito consumista é priorizado.

Por outro lado, uma das tendências que prevalece no mundo atual é a busca de afirmação da identidade por meio do poder narcisista, uma falsa idealização da identidade pessoal, e como conseqüência muitas pessoas acham que o individuo é humanamente digna quando é melhor do que outros. E a nossa submissão aos considerados líderes ou ídolos da sociedade nos dá a consciência de que “somos um rebanho que acredita que o caminho que estamos seguindo tem certo destino, visto que todos seguem o mesmo caminho.” [9] Esta tendência, gera uma contínua competição pelo alcance daquilo que é priorizado pela maioria; esquecemos que a vida depende do ensinamento de contenção o que não é o sinônimo de repressão. Quem se contém o faz porque quer fazê-lo; e não porque é obrigado pelos outros. Ele obedece a uma conduta e à lei que não é exterior, mas que foi assimilada ou interiorizada.[10]

                 2. Sociedade de consumo

            A palavra sociedade veio do latim societas, societis que significa areunião de seres, dos homens ou animais, que vivem em grupo de uma forma organizada. Conjunto dos membros de uma coletividade sujeitos às mesmas normas e leis. Enquanto que o consumo significa dispêndio ou gasto, e na maioria dos casos quando se fala da sociedade do consumo refere-se às sociedades industrializadas, desenvolvidas, nas quais estando as necessidades elementares asseguradas para a maioria da população, os meios de produção e de comercialização são orientados para responder às necessidades multiformes freqüentemente artificiais e supérfluas.[11]

          Com esta afirmação percebemos que o mundo capitalista, que estimula o espírito consumista, nos ofereceu uma nova visão da dignidade da pessoa humana; de que a pessoa tem uma vida digna somente se tiver certo poder de caráter intelectual, político, econômico, social ou mesmo religioso. E é a partir de tal poder que a sua dignidade será reconhecida a qualquer espaço, pelo tipo de hotéis em que se hospeda e os seus respectivos deveres que definem o seu status, nos aviões, e outros lugares que oferecem oportunidades de demonstrar o status que a pessoa goza. Por meio desta tendência somos forçados conscientemente ou inconscientemente a buscar ser ou tornar-se melhor que os outros, somos marcados pelas tendências narcisistas que desenvolvemos inconscientemente como meio de afirmação da dignidade e em especial das nossas personalidades. Contudo, quem não tem qualquer poder em especial de caráter econômico tem mais deveres que direitos; este é a tendência característica de falta de reconhecimento da dignidade das pessoas pobres.

             O poder consumista ameaça o ser da pessoa humana nos dois contextos que são a redução da pessoa a um mero objeto por meio da priorização das coisas materiais e por meio dos efeitos negativos provocado pelo produto consumido. Em relação ao poder econômico, notamos muitos casos em que as pessoas inocentes ou pobres são humilhadas pela violação dos seus respectivos direitos, e o pior é que quando eles processam as tais pessoas a justiça dificilmente resolve os casos no seu sentido expectativa. O processado por ter certo poder econômico o seu crime desaparece automaticamente enfrente da nossa justiça capitalista. Com isso os inocentes cancelam os processos na justiça por serem ameaçados pelos poderosos economicamente, que eles processaram por violarem os seus respectivos direitos. Este cancelamento de processo é realizado de “forma livre” como meio de assegurar as suas vidas, e como conseqüência disso, os fracos, pobres são submissos à exploração dos poderosos ou fortes economicamente. Aqui notamos que o desenvolvimento tecnológico e econômico do mundo torna-se o risco da vida dos mais pobres em vez de se tornar a fonte da libertação.

               O mundo capitalista nos direciona mais para o desenvolvimento individualista, e menos compromisso com os assuntos
de interesse comum, em especial a justiça e igualdade. Esquecemos que “todos seres humanos precisam a segurança desde a concepção, das condições necessárias para viver plenamente e para desenvolver harmoniosamente em todos os aspectos, físicos,
mental, social e espiritual.”[12] O compromisso pelo bem comum é o dever que é necessário ser priorizado por cada um de nós dentro das nossas sociedades, visto que o princípio do bem comum deriva dos princípios da dignidade, e da igualdade de todas pessoas, estes são princípios que se integram e compõem a base da solidariedade ou fraternidade entre os homens. Esta responsabilidade de promover o bem comum não compete somente às pessoas ao nível individual, mas também ao estado, visto que o bem comum representa a razão do ser da autoridade pública.[13]

              O problema de consumismo é favorecido pelo desenvolvimento tecnológico acelerado em que o mundo vive, ele garante a superprodução esta por sua vez estimula o superconsumo, para equilibrar as necessidades da força da produção. Contudo, o importante é estarmos conscientes dos riscos do espírito consumista para melhor a valiar o nosso nível da necessidade do consumo e controlar, para evitar os perigos da materialização da nossa natureza humana em favor do consumismo. Devemos sempre afirmar a dignidade da nossa natureza humana, cada pessoa humana tenha confiança consigo mesmo, para evitar a tendência do poder consumista que nos dá a “sensação de que a fonte de todo o bem está no exterior, de que seja o que seja o que for que se quiser tem de ser procurado lá fora, e que a própria pessoa nada pode produzir.” [14] Todavia, é real afirmar que não é o bem que determina o homem ou o povo, ainda que estes coloquem o bem acima das ideologias, mas a base é o impulso de autoconservação ativado pelo perigo;[15] assim o ameaço da nossa dignidade humana pelo consumismo, deve ser algo que estimula o impulso da força da conservação da nossa espécie humana.

 

 

                                     CONCLUSÃO

            Desde o início deste trabalho nós mostramos que a única forma de superar os desafios do consumismo, é o reconhecimento da primazia da dignidade humana, no meio de todas as coisas que o mundo nos oferece. É um exercício desafiante muito mais em relação ao desenvolvimento tecnológico acelerado que provoca a superprodução colocando assim o risco da vida dos seus consumidores. O compromisso na luta pela superação deste desafio deve ser de caráter individual assim como coletivo, cada um de nós deve priorizar a dignidade do ser da pessoa humana. A nossa a busca de tornarmo-nos mais do que aquilo que somos deve centrar-se na afirmação da dignidade da pessoa humana, não pelo poder intelectual, econômico, político, religioso ou social, mas pela natureza humana que define o ser da pessoa na sua virtude.

 

 akilinimali12@gmail.com/mozambicanlife1@gmail.com

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Arns, Zilda. Dez anos da comissão de Direitos Humanos:
Universidade São Paulo
. São Paulo: Cidade Universitária São Paulo, 2007.

 Bowen, Will. Pare de reclamar: concentre-se nas coisas boas. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.

 Fromm, Erich ANÁLISE DO HOMEM. São Paulo: Bisordi
Ltda, 1947

 Fundador Civita, Victor. Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa Larousse Cultural: Regras Ortográficas
e Gramaticais
. São Paulo: Nova Cultura Limitada, 1995.

 Luiza, Maria Marcílio, (Org.). DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:
SESSENTA ANOS, SONHOS E REALIDADES.
São Paulo: Cidade Universitária São
Paulo, 2008.

 Neumann, Erich. Psicologia profunda e Nova Ética São Paulo: Paulinas, 1991.

Revista veja 06 de
abril: Máquina de peixes Vivos e
enlatados
. Ed nº 2211. São Paulo: Editor Abril, 2011.p.98

 https://www.newadvent.org/cathen/11726a.htm

 



               [1] Formado em filosofia, atual aluno
do 1º ano de Teologia no Instituto São Paulo de Estudos Superiores.

[2] Cf. O termo dignidade humana neste trabalho é usado em referencia da visão Kantiana, onde a dignidade
considerada aquilo que está presente na natureza humana e que o seu valor
supera o valor de todas coisas materiais, em poucas palavras  a dignidade é o valor
que a pessoa humana possui e que não pode ser substituído por uma outra coisa
que se imagina ser importante.(Critica da Razão pura)

[3] Disponível em: https://www.newadvent.org/cathen/11726a.htm.
Acesso em: 10/06/2011.

O texto em referencia é tirado na
Enciclopédia católica, e fala sobre a definição da pessoa consoante a visão do
Severino Boécio, onde aparece a definição da pessoa como sendo: De persona et duabus naturis", c. ii: Naturæ
rationalis individua substantia.

[4] O termo virtude é usado no
sentido de originalidade da realidade humana, ou a ipseidade a qualidade de ser
aquilo que o ser humano é por natureza.

              [5] Cf.
HOLLIS, James. Os pantanais da alma: nova vida em lugares sombrios. São Paulo:
Paulus, 2006, p. 7.

[6] Cf.
HOBSBAWM, Eric. Globalização, Democracia
e Terrorismo
. São Paulo: Schwarcz, 2008, p. 47.

              [7]Ibid.,
p.138.

[8] Bowen, Will. Pare de reclamar: concentre-se
nas coisas boas
. Rio de Janeiro: Sextante, 2007.p.29.

[9] Fromm, Erich ANÁLISE DO HOMEM. São Paulo: Bisordi Ltda, 1947.p.213.

[10]Cf. Revista veja 06 de abril: Máquina de peixes Vivos e enlatados. Ed
nº 2211. São Paulo: Editor Abril, 2011.p.98

[11]Cf. Fundador Civita, Victor. Novo Grande Dicionário da Língua Portuguesa
Larousse Cultural: Regras Ortográficas e Gramaticais
. São Paulo: Nova
Cultura Limitada, 1995.p.260; 835.  

[12] Arns, Zilda. Dez anos da comissão de Direitos Humanos:
Universidade São Paulo
. São Paulo: Cidade Universitária São Paulo, 2007.p.47.

[13] Cf. Luiza, Maria Marcílio, (Org.). DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS:
SESSENTA ANOS, SONHOS E REALIDADES.
São Paulo: Cidade Universitária São
Paulo, 2008. P.20.

         [14]
Fromm, Erich ANÁLISE DO HOMEM. São Paulo: Bisordi
Ltda, 1947.p.66.

          [15]Cf.. Neumann, Erich. Psicologia profunda e Nova Ética São
Paulo: Paulinas, 1991.p.11.

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